Violência Não Tem Cara: Entenda Por Que É Difícil Reconhecer um Agressor

Violência não tem cara: por que é tão difícil reconhecer um agressor?

Na maioria das vezes, quando ouvimos sobre um caso de violência doméstica ou abuso, é comum que o agressor seja imediatamente desumanizado. Chamado de “monstro”, ele passa a ser visto como alguém fora da sociedade, alheio ao convívio com outros. Contudo, a realidade é mais complexa — e, muitas vezes, mais difícil de encarar.

Em grande parte dos casos de violência, há uma relação de proximidade entre a vítima e o agressor. São pais, tios, parceiros, professores, chefes, líderes religiosos — pessoas que fazem parte do convívio cotidiano, que ocupam lugares de confiança, afeto ou autoridade. Além disso, na maioria das situações, são homens.

Essa constatação, por mais desconfortável que seja, é essencial para compreendermos o ciclo da violência. A maioria dos abusos acontece dentro de casa ou em espaços de convivência contínua, o que torna ainda mais difícil para a vítima reconhecer que está sendo violentada. Afinal, é doloroso perceber que a agressão vem de alguém que deveria cuidar, proteger — e que, muitas vezes, diz amar.

Por essa razão, a dor e o conflito interno vividos pela vítima contribuem para a subnotificação dos casos de violência. Nomear o que se vive como abuso exige um enfrentamento profundo, além de coragem para lidar com o julgamento social e, por vezes, com o rompimento de laços afetivos e familiares.

Ademais, reconhecer que alguém “comum”, com aparência de normalidade e bons modos, pode ser um agressor nos confronta com a ideia de que a violência de gênero está enraizada nas estruturas da nossa sociedade. Quando desumanizamos ou patologizamos o agressor, corremos o risco de individualizar o problema e desresponsabilizar as práticas masculinas violentas que atravessam o cotidiano.

Se você está vivendo uma situação de violência, saiba que não está sozinha. Existem canais de apoio e escuta disponíveis. Procurar ajuda é um passo importante para sair do ciclo de abuso.

Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher


Psicóloga Tamara Levy
CRP 01/20823
Atendimento presencial em Brasília (Asa Sul) e psicoterapia online para brasileiras no exterior
Especializada em psicanálise e saúde mental de mulheres


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